· Notas

A nossa luta é legítima e visa, tão somente, garantir direitos e avançar em conquistas, seja para docentes, estudantes e servidoras(es). Esse é o mote que nos move, docentes em greve, com apoio do movimento estudantil. Temos visto as manifestações da Reitoria com certo temor, pois, de algum modo, questionam o que foi construído coletivamente. Nenhuma pauta apresentada no documento de informe de deflagração de greve é da direção da Sinduece, mas do coletivo de professoras e professores que estiveram presentes em plenárias, rodas de conversas e, sobretudo, nas Assembleias de Docentes, quando deliberam por lutar por melhorias.

De modo a não deixar criar-se imagem de radicalidade, falta de mediação ou busca por construções que visassem superar cada um dos pontos que elencamos na nossa pauta de greve, deixaremos algumas reflexões e as discussões delas decorrentes nos colocamos à disposição em nossas assembleias. Não temos a intenção de rebater ponto a ponto o conteúdo do ofício que compõe a petição que requer a declaração de ilegalidade ou a nota emitida pela Reitoria da UECE. Com isso, buscamos evitar o desperdício de força e energia em um alvo que almejávamos funcionar como interlocução, efetivamente.

Em primeira medida, o Governo e toda a sua representação esteve em espaços de negociação instituídos legalmente, a Mesa Estadual de Negociação Permanente (MENP). Estas divididas em dois grandes blocos, a Geral e a Setorial, especificamente à da SECITECE, há registro de sua instalação e na notícia veiculada pela própria secretaria afirma que houve apresentação de demandas, fato ocorrido em 09 de maio de 2023 (vide notícia). Por outro lado, convém registrar que não obtivemos a finalização de nenhum ponto, muito embora, registremos, que dentre as setoriais do Governo do Estado do Ceará, a da SECITECE é a que mais tem avançado no diálogo com servidoras(es).

Reforça-se, estes espaços de discussão sobre pauta que envolvem os sindicatos teve a presença, ao que lhe compete, da representação da Reitoria da UECE. Importa destacar que entre a documentação ajuntada à petição há registros da ata que vinculam a Reitoria à “Bancada do Governo”, o que nos faz questionar o desconhecimento e revela, especificamente, uma condução jurídica para deslegitimar o movimento que teve ampla adesão e que se amplia dia a dia, face as questões que nos rodeiam e atormentam.

Ainda nessa leva de considerações sobre pautas, o que centraliza essa greve é a campanha salarial e a carência e professoras(es). Sobre a primeira, não resta dúvida de como as tratativas não configuram negociação e é sobre esse descaso e desvalorização como política para servidoras(es) é que reivindicamos recomposição salarial e o respeito à data base. Isso é inconteste e qualquer tentativa em direção oposta faz parte de uma filigrana jurídica, sem qualquer valor que a sustente.

Sobre a carência, esse é um dado real, também inconteste, vide os reclamos de estudantes e coordenadoras(es) de curso de graduação. Ademais, o acréscimo de pautas que não foram levadas à negociação ou que estão em curso, em adição ao que é central, configura-se como uma prática de movimentos paredistas. Não há que requerer tutela ou aviso prévio para luta. O sindicalismo patronal nunca foi nossa marca e nem será; a autonomia é o que orienta a trajetória da Sinduece, localmente, e do Andes-SN, Brasil afora.

A nossa assessoria jurídica já está de posse de toda comprovação para refutar a decisão judicial que visa criminalizar a atividade sindical e de sua direção, ao requerer multa diária que ultrapassa os salários mensais da maioria de nós. Reiteramos nosso chamado para o que importa: a defesa da UECE, a defesa de suas professoras e seus professores, suas servidoras e seu servidores e estudantes.

A UECE é a nossa razão de luta e é por ela que dissemos: não nos enfrentaremos por motivos vazios, mas por ideias que ensejam a busca por valorização, por condições de acesso e de trabalho, por permanência.

Por fim, esse sindicato que acumula trajetória de 21 anos não se furtará à luta e tampouco deixará que sua história seja desacreditada. Quem entra na luta nunca sucumbirá ou deixará calar-se, pois o mérito dela consiste nas conquistas e não nas desistências.

Esse é um convite à razão. Juntem-se a nós!