Plenárias da SINDUECE reúnem mais de 400 para discutir decreto sobre retorno presencial nas universidades
Mais de 400 pessoas participaram das plenárias promovidas pela SINDUECE, entre os dias 30 de junho e 5 de julho, depois que o decreto do governador Camilo Santana autorizou a toque de caixa o retorno presencial das atividades nas universidades estaduais. Em cinco plenárias, a Direção do Sindicato que representa os docentes da UECE ouviu professores e discentes de todos 12 centros acadêmicos e faculdades da instituição. “A nossa ideia de democratizar ao máximo a discussão sobre a ameaça que estamos vivendo, que é a temática de decreto de retorno presencial imediato nas universidades”, explicou a professora Virgínia Assunção, presidenta da SINDUECE. Segundo ela, a divulgação do teor do decreto ainda na noite de sexta-feira (25) obrigou que a Diretoria agisse de forma rápida. “De sexta para segunda fizemos a proposta de reunião para o Conselho de Representantes, que deliberou a realização das plenárias e imediatamente tivemos todo o cuidado para fazer a divulgação”, lembrou.
De acordo com Virgínia, o Ceará é o primeiro estado do país a permitir o retorno das atividades acadêmicas em caráter presencial, o que evidencia mais uma vez o alinhamento na política neoliberal de Camilo Santa com o governo de Bolsonaro. Em um rápido resgate sobre as pautas encampadas pela SINDUECE nos últimos meses, Virgínia destacou a vitória do mandado de segurança coletivo que garantiu a vacinação dos professores da UECE sem a exigência de assinatura da declaração e a necessidade de defesa do Plano de Atividades Docente (PAD) com proporção de 3 horas de planejamento para 1 hora de atividades em sala.
Na avaliação do professor Alex Saraiva (FAEC), diante da pressão que se coloca sobre os docentes e servidores, a realização das plenárias vieram em um momento oportuno. “É consenso que não temos condições de voltar agora, tanto do ponto de vista do percentual de vacinação quanto das questões estruturais e do plano sanitário. Precisamos agora construir essa pauta de argumentos”, frisou. Para ele, é preciso que a categoria saiba qual é o posicionamento da administração superior da UECE sobre a decisão do ensino remoto, já que Conselho Estadual de Educação garantiu a manutenção desta modalidade de ensino até o fim de 2021. “Não gostamos do ensino remoto, mas ensino remoto é trabalho. Temos que pressionar para manter o próximo semestre assim”, defendeu.
No mesmo sentido foi a avaliação da professora Valdênia da Silva (FECLESC): “Trabalhamos muito mais e a questão da aprendizagem está comprometida, mas isso não é motivo para que a gente volte a toque de caixa”, complementou. Na visão dela, a UECE não só não apresenta as condições necessárias para receber as atividades presenciais nesse contexto de pandemia como o Governo do Estado ainda deixa a desejar no suporte ao trabalho remoto, como o atraso na entrega dos prometidos chips para acesso dos alunos à internet e a baixa resolubilidade da medida.
Ao mencionar o "Protocolo de prevenção e controle da Covid-19 no retorno às atividades universitárias presenciais", desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 no âmbito da UECE, a professora Diana Nara da Silva Oliveira (FAFIDAM) ressaltou que o retorno com segurança só é possível com adequações da universidade em diversas áreas, como estrutura física e limpeza. “De onde vai sair esse dinheiro para reorganizar essa estrutura física? Porque não é só marcar com um papel o distanciamento entre as cadeiras. Fruto de muita luta, conseguimos colocar ar-condicionado em todas as salas da FAFIDAM, o que, pelo calor em Limoeiro do Norte, é vida. Mas agora como vamos trabalhar com as condições nessa sala sem janela?”, questionou.
Entre as diversas questões apresentadas, docentes e discentes lembraram que a UECE vai muito além dos muros dos campi e que, para além da preocupação com a dinâmica interna, é preciso ter atenção com fatores externos que podem favorecer acontaminação. É o caso da mobilidade dos estudantes, que em muitos das cidades do interior e da Região Metropolitana de Fortaleza precisam se deslocar para as aulas em ônibus lotados. Outro dado mencionado se referiu à discrepância da vacinação entre capital e interior, já que em muitos municípios nem os estudantes nem suas famílias foram ainda vacinados. Todos esses dados amadureceram a discussão levada para deliberação em Assembleia Docente.