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“Por uma Universidade que não deixe ninguém para trás no acesso à educação”, defendem professores da UECE

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Ontem (19), docentes da UECE se reuniram em plenária da categoria para discutir sobre o início do semestre 2020.1 e as questões inerentes à educação superior em período pandêmico.

Convocada pelo Sindicato de Docentes da Universidade Estadual do Ceará, a plenária se debruçou sobre a mensagem pública da Reitoria sobre início do semestre e pelos acúmulos do movimento sindical e das últimas reuniões da Câmara de Coordenadores e do Conselho Universitário.

“A realização das atividades acadêmicas, sejam presenciais, híbridas ou remotas, ainda é tema de muito debate na instituição e merece fôlego de discussão antes da tomada de decisões”, reforça Virgínia Assunção, professora do Curso de Serviço Social e diretora do SINDUECE. A tônica da plenária, diante dos impactos de decisões a serem tomadas, está no foco coletivo em evitar exclusões e fomentar cuidado pela manutenção da vida como horizontes fundamentais.

Desde a suspensão das atividades presenciais, em março, é certo que “a comunidade universitária não parou”, destaca Sandra Gadelha, presidenta do SINDUECE e docente em Limoeiro do Norte. Ela observa, a partir dos dados da Administração Superior da UECE que “864 projetos e programas coordenadores por professores. Esse montante corresponde a 1221 estudantes bolsistas e 290 voluntários, além de outros mais que se envolvem com esse trabalho. Ou seja, são cerca de 80% de docentes que continuam seus trabalhos no período de isolamento social”, explica Sandra ao ressaltar que “professoras seguiram as disciplinas possíveis para conclusão do semestre 2019.2, muitas novas iniciativas de pesquisa e extensão surgiram nesse período e, por isso, seria injusto dizer que a Universidade não está funcionando ou que professores não querem trabalhar”.

Considerando que 21,2% de professores da instituição compõem grupo de risco e a experiência de atuação remota de março até agosto, a síntese da plenária expressa a necessidade de construção de um semestre especial, como outrora proposto pela diretoria do Sindicato. Em novo modelo, o “semestre se caracterizaria pela realização de atividades formativas – a exemplo de minicursos, práticas de pesquisa e extensão e outras modalidades - de caráter não-obrigatórias e com potencial de integralizar temáticas contidas em disciplinas curriculares dos cursos”, explica Sandra Gadelha.

A proposta também é defendida por estudantes como modalidade para as três universidades estaduais. Em carta pública, discentes e sindicatos propõem que a Universidade não pode excluir nenhum estudante, ao passo que precisa ser um polo para resolução dos novos desafios que surgem com a pandemia. Para isto, “é preciso compreender que não deve haver uma transposição das práticas e modelos presenciais para digitais, mas a necessidade de uma nova roupagem que solucione os desafios impostos pelo período”, relata Jhony Levy, estudante de Ciências Sociais e integrante do Movimento RUA ao justificar sobre semestre especial.

O SINDUECE reafirma em plenária o posicionamento contrário ao retorno presencial sem medidas sanitárias e de biossegurança que o possibilitem; bem como de assistência a docentes e de permanência estudantil para atividades remotas. Ainda em julho, o Sindicato e representações estudantis se reuniram com Inácio Arruda, o Secretário da SECITECE, para apresentar um conjunto de propostas que possibilitariam o retorno das atividades de ensino, a exemplo de ampliação de bolsas para estudantes com o perfil delimitado pelo Fundo Estadual de Combate à Pobreza, auxílio alimentação – a exemplo do que já ocorre do Estado para estudantes do ensino médio – e amparo tecnológico e de conectividade para componentes da comunidade universitária que não dispõem de aparelhos ou acesso à internet.

Há incômodo na comunidade universitária diante das constantes pressões para início do semestre letivo, na medida em que há escanteio das discussões das condicionantes para viabilizar a ação. “Até aqui, não tivemos nenhum retorno da Secretaria” cobra Sandra Gadelha ao reiterar o diálogo dificultado que o Governo do Estado tem tido com a comunidade universitária. Para o estudante Jhony Levy, a situação “revela um compromisso com indicadores acadêmicos e lucrativos enquanto a segurança das pessoas fica no improviso”, reforça.