É com muita preocupação que a Diretoria da SINDUECE recebe o anúncio feito pelo governador Camilo Santana, na tarde desta sexta-feira (25), de que a renovação do decreto estadual com medidas de combate à Covid-19 no Ceará irá autorizar a partir de amanhã o retorno presencial das aulas no Ensino Superior.
Como deliberado em assembleia geral de docentes da Universidade Estadual do Ceará (UECE), realizada em agosto do ano passado, a SINDUECE endossa a defesa de que o retorno às aulas em caráter presencial deve ocorrer apenas com a garantia de que há condições de biossegurança que previnam as situações de risco do contágio da Covid-19 entre a comunidade universitária.
Isso porque, vale lembrar, o Ceará até o dia de hoje alcançou a taxa de 11,85% da população totalmente imunizada (dados do Consórcio de Veículos de Imprensa), muito longe do índice de 70% estimado pelos infectologistas como necessário para conter a circulação do vírus. Nesse contexto, é válido ressaltar que os professores só receberam a primeira dose do imunizante e a maior parte dos estudantes nem esta recebeu, o que significa que a abertura das salas de aula impactará na maior circulação de pessoas e, consequentemente, do vírus.
Além disso, como é de amplo conhecimento do Estado e da sociedade, a vacinação de professores não é critério único para garantir segurança no retorno presencial. Como bem apresenta o "Protocolo de prevenção e controle da Covid-19 no retorno às atividades universitárias presenciais", desenvolvido pelo Grupo de Trabalho de Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 no âmbito da UECE, o processo de preparação para o retorno seguro das atividades presenciais deverá contar com adequações nos ambientes dos campi, com medidas de desinfecção e limpeza, sinalização, novo layout de sala de aula e ambientes de uso coletivo, medidas administrativas para reforçar o distanciamento social e ações de comunicação, treinamento e orientações, bem como novas rotinas para discentes, docentes e servidores técnico-administrativos.
É preciso dizer que a decisão unilateral do Governo do Estado silencia sobre questões concretas que estão sendo expostas desde o início da pandemia sobre a realidade precária das universidades estaduais e ilustra a suspensão do diálogo que o governador Camilo tem estabelecido com os docentes do Ensino Superior público do Ceará. Por isso, reforçamos que é preciso agir com prudência diante de um cenário ainda tão grave de pandemia e defendemos a aceleração do ritmo de vacinação para toda a população.
Nada mais duro para um professor e para uma professora do que ficar longe da sala de aula e, mesmo assim, os docentes da UECE tem seguido seu trabalho de forma remota há mais de um ano. Apesar disso, o retorno às atividades presenciais jamais pode significar risco à saúde pública. Nesse sentido, a SINDUECE já interpelou o reitor da UECE para que a comunidade acadêmica possa dialogar sobre as medidas necessárias para um retorno presencial seguro, impossível de ser feito a toque de caixa, como anunciou Camilo Santana.