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Uma nota desafinada sobre violência nas escolas, neoliberalismo, fascismo e política de produção de índices

*por Prof. Dr. Alex Santos

· Notícias

Diante do contexto de pânico, medo e violência banal movido pela política fascista do ódio, pulsa como tarefa fundante da docência, das gestões escolares pensarem uma cultura política, voltada para a solidariedade de classes, a formação estética criativa e coletiva como processos de sociabilidade em que se partilhe o sensível para combatermos a cultura necrófila que tenta se instalar.

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Cena do filme '1984', baseado no livro homônimo de George Orwell

E as nossas escolas de educação básica que têm se orientado por uma tara absurda onde a pulsão do desejo de gestores e gestoras e marcada por índices de desempenho, formação para o sucesso, preparação do vencedor, modelagem do empreendedor. Isso uma hora iria se manifestar em frustração, sofrimento, dor e violência, pois os "perdedores" numa sociedade polarizada e em que ronda o fantasmo do fascismo em seu empreendimento para acabar com o fantasma do comunismo, nessa guerra de fantasmas, os perdedores vão virar massa de manobra e as correias de transmissão do ódio e da violência banal como projeto político-ideológico do fascismo, o qual na era do capitalismo de vigilância e das Big Tech, tonou-se hospedeiro cativo dos ambientes virtuais.

Vejam nossa tarefa não é das menores, porque a babárie a ser enfrentada saiu dos filmes de ficção e começou a bater com força em nossos espaços reais, no caso mais específico as instituições escolares. E uma das faces da barbárie que se expressa no corpo do fascismo é o pânico e o medo. O lema perece ser: produza a desordem e o caos para que o autorotarismo desmedido possa ganhar força. É dividindo que iremos conquistar! Por sinal, um lema bastante útil para quem deseja que a política armamentista e de militarização das escolas prevaleça. E é sobre os perigos desse lema que devemos estar atentos e fortes!

Porque ao final de tudo com a violência banal como parte de uma projeto estruturante, onde o genocídio e as milícias, junto com o crime organizado tentam assumir o controle do Estado e das condutas do cotidiano, quem realmente perde é a humanidade fundada no espírito de comunidade, solidário, de pertecimento, bem como, o sentimento de irmandade, diante da ira e do culto corrosivo ao ódio.

Por isso mesmo é urgente uma mudança no curso de nosso zeitgeist, ou para lembrar Nação Zumbi "é desorganizando que posso me organizar", vamos desorganizar essa bagunda fascista e neoliberal, para reorganizar o socialismo novamente, antes que sucumbamos perante nós mesmos por continuarmos insistindo nos barbarismos que sustentam o modo de produção capitalista e sua incontrolável ordem sociometabólica que é produzir lucratividade para as corporações privadas, espetacularizar o real, ampliar as ilusões para manter o reinado de exploração e opressões.

*Alex Santos é Doutor em Educação e professor da Universidade Estadual do Ceará - UECE. Texto escrito em Itapipoca, em 13 de abril de 2023.