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Professores da UFC e UNILAB são perseguidos por Interventores

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Para avançar no projeto negacionista e de desmonte das Universidades Federais, Bolsonaro retomou práticas da ditadura militar ao ignorar as experiências democráticas nutridas nas instituições e indicar interventores - os menos votados nas consultas - como ato de ataque à autonomia universitária.

No Ceará, não é diferente. A Universidade Federal do Ceará (UFC), sob comando de Cândido Albuquerque; e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira (UNILAB), dirigida pelo Pastor Roque Albuquerque tem sido palco para perseguição a comunidade acadêmica que diverge das posições do Governo Federal a partir da abertura de Processos Administrativos Disciplinares contra professores.

Na Universidade Federal do Ceará (UFC)

Cândido foi o candidato menos aceito, com 4,6% dos votos válidos e perdendo em todas as urnas. Foi Diretor da Faculdade de Direito por dois mandatos e é proprietário de um dos maiores escritórios de advocacia do país.

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Ação política da ADUFC na Faculdade de Direito

Na sexta (11), tomamos conhecimento de mais um triste capítulo da intervenção. Na Faculdade de Direito, a atuação crítica de Cynara Mariano, Beatriz Xavier, Newton Albuquerque, Gustavo Cabral e Filipe Albuquerque no movimento docente os tornou alvos de 05 ações de indenização por danos morais no Juizado Especial Cível e da abertura, pelo Reitor, de Processo Administrativo Disciplinar direto - sem sindicância, com indicação de demissão e com indicativo de conclusão em 60 dias.

A tentativa de diálogo do conjunto de docentes sobre o retorno remoto às atividades de ensino na unidade acadêmica foi o elemento para que fossem alvos dos ataques. Pautavam contrários a portaria 10/2020 da FaDir/UFC que sancionou a obrigatoriedade das aulas remotas e, por sua vez, contrariava a decisão do Conselho Universitário sobre caráter facultativo das atividades. Outra portaria que causou questionamento dos docentes foi a de nº 12 ao instaurar uma comissão de fiscalização e validação das ações de ensino. A ausência de retorno da Diretoria da Faculdade os motivou a recorrerem ao Ministério Público Federal - razão pela qual foram acusados de insubordinação grave.

O grupo constitui a representação sindical da Faculdade de Direito na Associação de Docentes e, recentemente, liderou uma chapa de oposição à direção da Unidade Acadêmica. Constituem o Comitê em Defesa da Autonomia Universitária que denuncia sistematicamente os ataques sofridos pela educação pública e pela democracia brasileira.

“Nós sempre fizemos uma oposição responsável, nos espaços adequados e com conduta de defesa da Universidade Pública. Incomoda muito a gestão da Faculdade e da Universidade qualquer pensamento divergente”, destaca Beatriz Xavier, docente da FaDir , ao instar os motivos que intencionam a perseguição política.

O interventor possui práticas constante de censura durante as reuniões dos organismos colegiados da UFC, orientando desligar microfones enquanto falas divergentes são apresentadas - sobretudo quando realizadas pela representação estudantil e pela Professora Cynara Mariano, uma das docentes que corre o risco de ser demitida.

Outra marca de silenciamento está na judicialização contra as eleições do DCE impetrada pelo interventor a fim de deslegitimar a entidade e impedir que a nova nominata estudantil assuma posição nos Conselhos da Instituição.

Na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia AfroBrasileira (UNILAB)

A UNILAB não realiza consulta para composição da lista tríplice, pois, apesar de prevista em estatuto, a normativa nunca foi aprovada pelo Ministério da Educação. Assim, a indicação de Reitoria Pró-tempore é tida como uma intervenção política do Governo Federal na instituição.

Alexandre Cunha, antes de pedir afastamento da condução da instituição frente às pressões de docentes e estudantes, deixou como legado uma série de processos disciplinares motivados pela participação de docentes em atos políticos.

As ações que insurgiram contra o cancelamento do edital nº. 29/2019 que versava sobre cotas à população trans e intersexo nos cursos de graduação e dos atos - partes de paralisações nacionais - contra a Reforma da Previdência são exemplos utilizados pela Administração superior para justificar ações contra professores.

Segundo relatos, a instituição acumula mais de 30 processos jurídicos contra integrantes da comunidade universitária. Em alguns casos, professores sofrem com 3 processos disciplinares motivados por diferenças políticas. A situação é equiparada por nossas fontes a ‘ativismo jurídico’ que funciona como uma “máquina de intimidação e punição”. A perseguição política pode culminar na demissão e prisão de docentes.

A ausência de termos fundamentados que justifiquem as denúncias e o comprometimento ao direito de defesa atestado na ausência de sindicâncias, cria uma Universidade marcada pelo medo porque “o conjunto persecutório acarreta tensão e adoecimento mental, especialmente em tempos de pandemia”, revelam.

Nos casos mencionados, a investigação foi conduzida pela Polícia Federal. Com interrogatórios realizados em agosto, alega-se improbidade administrativa e outras tipificações da lei para criminalizar intervenção política. A averiguação para processo disciplinar encontra-se em vias de conclusão e podem confirmar sanções com demissões e ordens de prisão a docentes.

A partir de requisição da ADUFC, o Ministério Público encaminhou Termo de Ajuste de Conduta à Reitoria - hoje conduzida pelo Pastor Roque - pautando compromisso da instituição em não abrir processos intencionados em perseguição política e sem sindicância

Por todo o Brasil

Ao todo, somam-se 16 intervenções em instituições federais de educação superior. Neste mês, somaram-se ao grupo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA.

Confira mapeamento realizado pela União Nacional de Estudantes sobre as Intervenções no Brasil:

Unidade na luta contra a repressão

A SINDUECE se solidariza com todas e todos que sofrem esta odiosa perseguição fundada na mesma origem ideológica do Projeto Escola sem Partido e se coloca à disposição para qualquer ação de defesa das professoras e dos professores, bem como de agir junto ao nosso Sindicato Nacional neste sentido.